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O que acontece quando não falamos sobre Sexualidade?

O que acontece quando não falamos sobre Sexualidade?

Falar sobre sexualidade não é incentivar a prática precoce, mas sim garantir que todas as pessoas tenham o direito ao conhecimento sobre seus corpos, desejos e saúde.

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A falta de diálogo sobre sexualidade tem implicações significativas em diversos aspectos da vida das pessoas, influenciando sua saúde, autoestima, relacionamentos e até mesmo oportunidades futuras. Para as mulheres, em especial, esse silêncio pode resultar em desinformação, vulnerabilidade a abusos, dificuldades na vida sexual e afetiva, além da perpetuação de tabus que atravessam gerações. A seguir, alguns dos principais impactos dessa ausência de conversa aberta e educativa sobre o tema:  

1. Desinformação e mitos perigosos 

Quando a sexualidade não é discutida de forma aberta e educativa, muitas pessoas recorrem a fontes não confiáveis, como a pornografia, redes sociais ou relatos distorcidos de amigos. Isso gera mitos como: 

  • Mulheres não devem sentir tanto desejo sexual. 

  • Orgasmo feminino é secundário. 

  • Métodos contraceptivos são desnecessários quando há "controle" na relação. 

A falta de informação adequada pode levar a práticas de risco e relacionamentos baseados em crenças erradas. 

2. Gravidez na adolescência e falta de planejamento familiar 

Sem educação sexual, muitas adolescentes iniciam a vida sexual sem compreender os riscos e sem acesso a métodos contraceptivos. Isso aumenta os índices de gravidez não planejada, o que impacta diretamente o futuro dessas jovens, limitando oportunidades educacionais e profissionais. 

3. Maior vulnerabilidade a abusos e violência sexual 

O silêncio sobre sexualidade também impede que crianças e adolescentes aprendam sobre consentimento, limites e direitos sobre o próprio corpo. Isso pode dificultar a identificação e denúncia de abusos, tornando-as mais vulneráveis a situações de violência. 

4. Propagação de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) 

A falta de diálogo sobre o uso de preservativos e outros métodos de prevenção aumenta o risco de ISTs. Muitas mulheres, por medo ou desconhecimento, acabam não negociando o uso do preservativo com seus parceiros, o que as coloca em situação de vulnerabilidade. 

5. Impacto na saúde mental e autoestima 

Sem discussões abertas sobre prazer e autoconhecimento, muitas mulheres crescem com vergonha do próprio corpo e do próprio desejo. Isso pode levar a transtornos como ansiedade, baixa autoestima e dificuldades nos relacionamentos. 

6. Relações abusivas e falta de autonomia sexual 

Quando a educação sexual não acontece, muitas mulheres entram em relacionamentos sem saber diferenciar carinho de posse, desejo de obrigação. O desconhecimento sobre seus próprios direitos pode levá-las a aceitar relações abusivas, acreditando que é “normal” suportar certas situações. 

7. Repressão e tabus que passam de geração em geração 

Se uma mulher nunca foi educada sobre sexo de forma saudável, é muito provável que ela também não converse com seus filhos sobre o assunto, perpetuando um ciclo de silêncio e desinformação. 

O que fazer para quebrar esse silêncio? 

  • Educação sexual nas escolas, abordando o tema de forma científica e respeitosa. 

  • Campanhas públicas e espaços de diálogo acessíveis sobre sexualidade. 

  • Desconstrução de tabus dentro das famílias e entre amigos. 

  • Informação de qualidade disponível em mídias confiáveis. 

Falar sobre sexualidade não é incentivar a prática precoce, mas sim garantir que todas as pessoas tenham o direito ao conhecimento sobre seus corpos, desejos e saúde. 

Por Sandra Freitas

 

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