Denúncias de abuso infantil no Telegram aumentam 78%, aponta SaferNet
Relatório também aponta que parte das imagens ilegais é comercializada dentro da plataforma.
O número de denúncias sobre grupos e canais do Telegram com imagens de abuso e exploração sexual infantil cresceu 78% entre o primeiro e o segundo semestres de 2024, segundo levantamento da ONG SaferNet. O relatório será apresentado nesta terça-feira (11), no Dia Internacional da Internet Segura, em São Paulo.
De acordo com a SaferNet, o número de usuários do aplicativo envolvidos nesse tipo de crime subiu de 1,25 milhão para 1,4 milhão no período analisado. Além disso, a quantidade de grupos e canais denunciados aumentou 19%, passando de 874 para 1.043, sendo que 349 continuavam ativos sem moderação.
Para Thiago Tavares, presidente da SaferNet, a plataforma tem falhado na remoção desse conteúdo. “Estamos diante de um problema em larga escala. O Telegram opera com baixíssimo nível de conformidade com as leis brasileiras e moderação precária”, afirmou.
O relatório também aponta que parte das imagens ilegais é comercializada dentro da plataforma, com pagamentos feitos por criptomoedas e a moeda virtual "estrelas", lançada pelo Telegram em junho de 2024. A empresa não possui registro no Banco Central do Brasil e utiliza 23 provedores de pagamento, muitos deles em paraísos fiscais.
O Telegram lidera as denúncias de pornografia infantil recebidas pela SaferNet. Procurada, a empresa alegou ter "tolerância zero para pornografia ilegal" e afirmou utilizar inteligência artificial e moderação humana para combater abusos. Segundo a plataforma, mais de 18,9 mil grupos e canais foram removidos em fevereiro.
Denúncias podem ser feitas na Central Nacional de Denúncias da SaferNet ou pelo Disque 100. O Telegram também oferece botões para reportar conteúdos suspeitos diretamente no aplicativo.