Mulheres e a Síndrome da Impostora: um obstáculo no mercado de trabalho
Fenômeno impacta diretamente a autoestima e a confiança das mulheres no ambiente profissional.
A síndrome da impostora, fenômeno amplamente reconhecido, impacta diretamente a autoestima e a confiança das mulheres no ambiente profissional. Frases como "Não sou boa o suficiente" ou "Logo vão descobrir que não sei tanto assim" traduzem a insegurança que muitas enfrentam, mesmo quando seus resultados são inquestionáveis.
A psicóloga Thalia Castro explica que a autossabotagem, um comportamento comum associado à síndrome, pode ser um grande entrave para o crescimento profissional das mulheres. "Muitas internalizam uma imagem negativa de si mesmas, influenciadas por padrões sociais e culturais. Isso as leva a evitar desafios por medo de fracassar, mesmo quando são plenamente qualificadas para as funções", afirma. Segundo Thalia, o perfeccionismo e a dificuldade de estabelecer limites também são formas de autossabotagem que afetam o desempenho no trabalho.
Impactos no mercado de trabalho
A insegurança gerada pela síndrome da impostora é ainda mais evidente em setores dominados por homens, como tecnologia e liderança corporativa. "O perfeccionismo, por exemplo, pode parecer uma qualidade, mas, na prática, gera sobrecarga e procrastinação, já que muitas mulheres se perdem em detalhes excessivos ou evitam tarefas desafiadoras por receio de falhar", explica Thalia.
Além disso, a dificuldade em dizer não e estabelecer limites pode levar a uma sobrecarga emocional e física, comprometendo a produtividade. "Muitas acabam priorizando a aprovação dos outros em detrimento de suas próprias necessidades, o que, com o tempo, gera esgotamento", pontua a psicóloga.
A Síndrome da Impostora: características e soluções
Thalia define a síndrome do impostor como um fenômeno em que a pessoa sente que não merece suas conquistas, mesmo sendo competente e qualificada. "Essa sensação vem acompanhada de comportamentos como comparar-se constantemente a outras pessoas e minimizar suas realizações. Isso é muito comum em ambientes onde há cobrança excessiva para provar o próprio valor", observa.
Para superar a síndrome, a psicóloga sugere práticas que ajudem a ressignificar essas percepções: "É essencial desenvolver a autocompaixão e reforçar as próprias conquistas. Reconhecer suas habilidades e praticar o autocuidado são passos importantes para lidar com esses sentimentos". Além disso, Thalia destaca a importância de buscar apoio terapêutico. "A terapia é fundamental para reformular pensamentos negativos e aprender a lidar com a pressão e a autocrítica exacerbada", conclui.
Mudando a narrativa
A luta contra a síndrome da impostora vai além do individual; é uma questão coletiva que exige mudanças culturais e institucionais. Thalia enfatiza que as empresas têm um papel importante na criação de ambientes de trabalho inclusivos e acolhedores, onde as conquistas das mulheres sejam reconhecidas e valorizadas. "Quando as mulheres são incentivadas a reconhecer seu valor, elas conseguem transformar a insegurança em confiança, rompendo barreiras internas e externas", afirma.
Assim, superar a síndrome da impostora não é apenas uma conquista pessoal, mas um passo crucial para um mercado de trabalho mais igualitário e saudável.
Redação Elas em Pauta