Você não está sozinha!
Por que ainda precisamos falar sobre violência contra a mulher?
Nesta segunda-feira, 25 de novembro, foi o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher. E, toda vez que esses dias chegam, e com dados cada vez mais assustadores, é impossível não experimentar uma gama de sentimentos. Por um lado, é importante termos um dia para trazer à tona uma discussão tão urgente. Por outro lado, me questionei: até quando vamos precisar de um dia para lembrar algo que deveria ser óbvio?
A violência contra a mulher tem tantas faces que, às vezes, é difícil colocar em palavras o impacto disso tudo. Não é só sobre a tapa ou o grito que deixa marcas visíveis. É também sobre aquele comentário que desmerece, o controle que sufoca, a ameaça velada e até o silêncio que ignora. Muitas vezes, ela se esconde nos pequenos atos do dia a dia, disfarçada de ciúme, de "brincadeira" ou até de amor.
Eu fico pensando em quantas mulheres já passaram por isso – e os dados sempre nos mostram que são muitas. Pode ser aquela amiga que ri para disfarçar o incômodo de uma relação abusiva. Pode ser uma vizinha que sempre parece "meio triste", mas ninguém nunca pergunta o porquê. Ou pode ser nós mesmas (eu e você), que talvez já tenhamos ouvido coisas como: “Mas você provocou” ou “Ah, ele não quis dizer isso de verdade”.
E, ainda assim, a gente resiste. Resistimos porque sabemos que o problema não é individual, mas estrutural. A violência contra a mulher não nasce do nada; ela vem de uma sociedade que, por muito tempo, ensinou que nossos corpos, nossas vozes e nossas escolhas não nos pertencem completamente.
Ontem, enquanto lia sobre os dados, me bateu uma vontade imensa de falar com outras mulheres, de perguntar como podemos ser redes de apoio umas para as outras. Porque, por mais que seja triste admitir, muitas vezes o acolhimento vem primeiro de outra mulher que escuta, acredita e diz: “Você não está sozinha!”.
A eliminação da violência contra a mulher não vai acontecer de um dia para o outro. Mas precisamos continuar falando, denunciando, exigindo políticas públicas que protejam e, principalmente, educando as próximas gerações para que essa realidade mude.
Hoje, quero deixar uma reflexão para você, que está lendo esse texto: como podemos, juntas, construir um mundo onde o respeito prevalece? Porque é só assim, juntas, que vamos transformar esses dados em algo do passado. Até lá, seguimos resistindo. Sempre.
Por Sandra Freitas