As quedas de idosos são uma das principais causas de acidentes domésticos e, em muitos casos, levam a complicações graves. Exemplos recentes reforçam a urgência desse cuidado: o cantor Agnaldo Rayol, de 85 anos, faleceu após complicações de uma queda; já Ronnie Von, de 79 anos, sofreu uma queda doméstica, mas escapou sem ferimentos graves. Em Pará de Minas, a morte de uma idosa que caiu de uma escada trouxe comoção à comunidade, chamando atenção para os perigos diários enfrentados pelos idosos.

A fisioterapeuta e instrutora de Pilates Letícia Morato explica que prevenir quedas vai muito além dos cuidados básicos: exige um olhar atento ao ambiente doméstico e à saúde do idoso. “Tapetes, por exemplo, são acessórios que prejudicam o movimento pela casa, pois podem ser escorregadios. Em casas com escadas, é imprescindível a presença de corrimãos. O ideal seria uma casa sem degraus, mas, se houver, devem ser adaptadas para a segurança do idoso”, alerta Letícia.

Ela também aponta a necessidade de um banheiro adaptado. “Portas maiores e barras de apoio nas laterais do banheiro são fundamentais. Além disso, é importante ter espaços amplos. Muitas vezes, corredores estreitos com móveis acabam se tornando obstáculos que podem causar tropeços e acidentes”, acrescenta.

Outro ponto destacado é a interação com animais domésticos. “Embora tragam companhia e alegria, é preciso cuidado, pois o animal pode brincar com o idoso de formar a desequilibrá-lo, ou o idoso pode tropeçar em objetos deixados pelo animal. O ideal é uma casa mais limpa, organizada e com móveis bem distribuídos”.

A importância da atividade física

Além das adaptações no ambiente, Letícia reforça a relevância de inserir a atividade física na rotina dos idosos. “Muitas pessoas acreditam que, por conta da idade avançada, o idoso não pode ou não precisa começar uma atividade física. Isso é um erro. Nunca é tarde para começar. Mesmo com perdas musculares e ósseas, o trabalho físico ajuda a prevenir a piora e a manter o que ele já tem”, afirma.

Ela exemplifica com atividades simples que promovem movimento e autonomia. “Se o idoso consegue manusear talheres e levar a comida à boca, incentiva-o a fazer isso. É um exercício. Movimentos simples, como levantar da cama ou de uma cadeira, precisam de fortalecimento muscular e devem ser trabalhados”, diz a fisioterapeuta.

Outro foco é o equilíbrio. “O equilíbrio é essencial para prevenir quedas. Devemos trabalhar a percepção de tempo e espaço, o alcance dos movimentos, e até tarefas como levantar os braços. Tudo isso contribui para um idoso mais independente e funcional”.

O cuidado com os idosos requer atenção, adaptação e incentivo à autonomia. Casos como os de Agnaldo Rayol e Ronnie Von são lembretes de que a prevenção é o caminho para uma terceira idade mais segura e com qualidade de vida. "Quando cuidamos do ambiente e estimulamos o movimento, preservamos não apenas o corpo, mas também a dignidade e a independência do idoso", finaliza Letícia.

Redação Elas em Pauta