Marli Duarte: uma vida dedicada à inclusão e ao amor incondicional
Sua trajetória se mistura com o movimento das APAEs, onde encontrou propósito e novos sentidos à sua vida e a de muitas outras famílias.
A história de Marli Duarte, 63 anos, é marcada por amor, resiliência e dedicação. Nascida em Belo Horizonte e casada há 44 anos, ela é mãe de dois filhos, incluindo Tarcísio, de 41 anos, que tem deficiência múltipla. Sua trajetória se mistura com o movimento das APAEs, onde encontrou propósito e novos sentidos à sua vida e a de muitas outras famílias.
Quando Tarcísio era apenas um bebê, Marli começou a notar que ele se desenvolvia de forma diferente da filha mais velha. Aos dois anos, ele teve a primeira de muitas crises convulsivas, o que foi confirmado em um diagnóstico de paralisia cerebral e deficiência intelectual. A busca por apoio para o filho levou Marli a se envolver com a APAE de São Gotardo, cidade onde morava na época. Determinada a transformar essa realidade, ela passou a atuar como voluntária e professora e, em pouco tempo, assumiu a direção da APAE local, dedicando-se a criar melhores condições de atendimento e serviços, como ecoterapia e hidroterapia.
Foi também para compreender melhor as necessidades de Tarcísio que Marli se formou em Pedagogia e mergulhou nos estudos da educação especial. Essa jornada a fez crescer e se envolver no movimento das APAEs a nível estadual e nacional, onde se destacou no Projeto Águia, uma iniciativa de capacitação que contribui para a rede em Minas Gerais e levou a prestar consultorias e intervenções em outras APAEs, como as de Brumadinho, referência no Estado, e Ribeirão das Neves.
No ano 2000, ela foi convidada pelo doutor Eduardo Barbosa para atuar na área técnica da Apae, em Pará de Minas. "A federação das APAEs no Estado de Minas, era aqui em Pará de Minas; em 2010, foi transferida para Belo Horizonte. Assumi essa área técnica de pesquisa que estuda as melhores metodologias e avanços nos tratamentos de pessoas com deficiência".
Neste ano de 2024, Marli assmiu a direção da APAE Pará de Minas e enfrenta o desafio de manter e expandir os serviços da instituição. "Com 55 anos de existência, a APAE de Pará de Minas é referência na área técnica e na gestão, oferecendo atendimento de alta qualidade e uma rede de apoio para pessoas com deficiência e suas famílias", ressalta Marli, destacando que, para ela, “a APAE é uma extensão de sua própria rede de apoio, considerando especialmente as necessidades futuras de Tarcísio”.
A história de Marli é também a de uma mãe que enfrentou muitos desafios para proporcionar ao filho a melhor qualidade de vida possível. O momento mais difícil foi quando Tarcísio, aos 13 anos, passou por uma cirurgia ortopédica que o deixou definitivamente dependente de uma cadeira de rodas. “Nesse tempo, a gente buscou tudo quanto é tipo de recursos, que falavam que curava... Foi aí que comecei a estudar para entender a condição do meu filho”, explica.
Desde então, a família se adaptou, e Marli aprendeu a aceitar e a valorizar cada conquista, mesmo que pequena. “Você vai enfrentando os desafios de cada ciclo da vida; em cada ciclo, você tem novos desafios. A aceitação do diagnóstico, a busca por escolas, o período da adolescência, a vida adulta, mas ele leva uma vida normal. Dentro de suas limitações, ele é uma pessoa feliz”, destaca.
Marli está na linha de frente, defendendo os direitos das pessoas com deficiência e de suas famílias, promovendo atendimentos de qualidade e oferecendo acolhimento às novas mães que, assim como ela, encontram na APAE um suporte essencial para enfrentar os desafios de criar um filho com deficiência. “Esse é um dos motivos que eu estou aqui na APAE de Pará de minas; meu foco são as pessoas com deficiência e suas famílias. Aqui temos três pilares: defesa de direitos, oferta de atendimento de qualidade e apoio à família”, afirma Marli.
Sua força, determinação e sua história são a prova de que, mesmo diante das dificuldades, é possível construir uma vida de propósito e contribuição para a comunidade. Como ela própria diz, sua missão é “continuar desenvolvendo projetos sociais e promover o bem-estar das pessoas com deficiência e suas famílias, ao mesmo tempo em que curte seus três netos e sua família”.
Redação Elas em Pauta