Juliana Gomes Soares e uma jornada de superação e esperança
O diagnóstico precoce e o tratamento bem sucedido permitiram que Juliana superasse o câncer e retomasse sua vida.
Juliana Gomes Soares, pedagoga e professora de Letras, viveu uma reviravolta em sua vida em agosto de 2018. Casada e mãe de uma filha, Lívia, ela se viu diante de um diagnóstico que abalou profundamente sua rotina e planos: o câncer de mama. Durante o Outubro Rosa, campanha de conscientização sobre o câncer de mama, Juliana compartilha sua experiência, destacando a importância da detecção precoce e do apoio emocional.
O diagnóstico
Juliana descobriu o câncer de forma inesperada, ao notar um nódulo em sua mama durante um autoexame, após sentir pequenas dores e sensibilidade no local. “Procurei um mastologista, fiz um ultrassom e, no mesmo dia, uma mamografia. Os exames indicaram alguns nódulos e foi indicada uma biópsia. Quando recebi o resultado, já estava muito tenso. A médica me olhou e disse: 'Você está com câncer'. Naquele instante, chorei sem parar. Ela tentou me tranquilizar, dizendo que havia chances de cura, principalmente porque eu era jovem, mas a angústia tomou conta de mim”, relembra Juliana.
A sensação de medo e incerteza foi avassaladora. Ela se viu questionando seu futuro e como sua vida mudaria a partir daquele momento. “Saí do consultório chorando e, ao chegar em casa, fiz uma oração e decidi que faria todos os procedimentos com dedicação e fé de que seria curada”, conta.
Sem fatores de risco ou histórico familiar
O diagnóstico foi ainda mais chocante por Juliana não ter histórico familiar de câncer de mama, nem fatores de risco conhecidos. No entanto, ela mantinha o hábito de realizar o autoexame regularmente, o que foi crucial para a descoberta precoce da doença. “Nunca imaginei que passaria por isso. Mas graças ao autoexame, pude identificar o nódulo a tempo”.
O câncer trouxe mudanças significativas para a vida de Juliana. Ela precisava abandonar o trabalho e reorganizar sua rotina em torno do tratamento. “Minha vida pessoal e profissional foi profundamente impactada. Tive que mudar meus hábitos alimentares e focar exclusivamente na minha saúde. Não tinha estrutura psicológica para nada além do tratamento naquele momento”.
Tratamentos e desafios
Juliana passou por 20 sessões de quimioterapia, seguidas de uma cirurgia para a retirada do nódulo, e 28 sessões de radioterapia. O tratamento foi agressivo e com efeitos colaterais debilitantes. “Tive náuseas, fraqueza, perda de apetite, queda de cabelo, além do impacto psicológico — medo, tensão e incertezas eram constantes”
Apesar das dificuldades, Juliana contou com o apoio fundamental de sua família, amigos e da equipe médica. “Fui acolhida com muito amor e orações. Também fiz terapia com uma psicóloga do hospital, o que me ajudou a manter a confiança e a positividade”.
Juliana tinha 30 anos quando foi exposta e acredita que sua juventude ajudou na resposta ao tratamento. “Mesmo com todos os efeitos colaterais, meu corpo reagiu bem. Após a cirurgia, não tive grandes complicações e logo consegui realizar algumas atividades diárias”.
No entanto, a recuperação emocional foi um processo mais lento. Após o tratamento, Juliana propôs o desafio de retornar à rotina e lidar com comentários alheios. “Foi difícil ouvir algumas coisas, como: 'Seu cabelo caiu todo?'. Tive que aprender a filtrar e não absorver tudo, pois meu emocional ainda estava abalado”.
O futuro e o renascimento
O diagnóstico precoce e o tratamento bem sucedido permitiram que Juliana superasse o câncer e retomasse sua vida. Ela compartilha que o medo de morrer foi um dos maiores obstáculos mentais, mas que, no fundo, sempre teve esperança de viver e realizar seus sonhos. “Minha filha esteve ao meu lado o tempo todo, me fortalecendo. Não deixei que o câncer afetasse meus relacionamentos ou meu papel como mãe”.
Hoje, Juliana se sente vitoriosa e mais forte. “Passei por tudo isso com fé e garra. Agora, vejo cada dia como uma nova oportunidade que Deus me deu para ser uma pessoa melhor, para encorajar outras mulheres a se cuidarem e não temerem. Há cura, há uma nova chance”.
Para outras mulheres, especialmente as mais jovens, Juliana deixa um conselho importante: “Se cuidem, conheçam o próprio corpo, façam o autoexame e, se notarem algo diferente, procurem um médico. Quanto mais cedo o diagnóstico, maiores são as chances de cura”.
Juliana termina com uma mensagem de otimismo: “Vamos viver o hoje com energias positivas, fazendo o bem e levando esperança para quem precisa. Não há dias cinzentos para quem sonha colorido”.
Redação Elas em Pauta