O câncer de mama é uma das doenças mais recorrentes entre as mulheres no Brasil e no mundo. Para além dos desafios físicos e emocionais impostos pelo diagnóstico e tratamento, a doença também afeta profundamente a vivência da sexualidade feminina. Muitas vezes, esse tema é deixado de lado durante o processo de recuperação, mas é essencial abordá-lo como parte da saúde e bem-estar da mulher.

Os impactos no corpo e na mente
Os tratamentos contra o câncer de mama, como a mastectomia (retirada parcial ou total da mama), a quimioterapia e a radioterapia, podem gerar mudanças significativas na aparência e na funcionalidade do corpo. Essas transformações afetam diretamente a autoestima da mulher e a maneira como ela se percebe em sua vida sexual. A mulher muitas vezes passa a não se reconhecer no novo corpo, o que pode gerar inseguranças e até dificuldades no desejo sexual.

Além disso, os efeitos colaterais do tratamento, como fadiga, náusea, queda de cabelo e alterações hormonais, também podem impactar a libido. O medo da reincidência da doença e a ansiedade em torno do processo de cura são fatores psicológicos que muitas vezes contribuem para a redução da disposição sexual.

A importância de falar sobre sexualidade
Um dos maiores desafios é a falta de diálogo sobre o tema. Muitas mulheres sentem-se constrangidas em falar sobre suas dificuldades sexuais com seus parceiros ou com os profissionais de saúde, o que acaba intensificando o problema. Contudo, o diálogo é fundamental para lidar com essas questões e encontrar formas de superá-las.

Muitas vezes, a ajuda de um psicólogo ou terapeuta sexual é importante para que a mulher possa entender e resgatar sua relação com o corpo e a intimidade, agora sob uma nova perspectiva.

Caminhos para a superação
Embora o processo de recuperação da sexualidade seja único para cada mulher, o apoio emocional é essencial para superar as inseguranças e redescobrir o prazer. Terapias em grupo, acompanhamento psicológico e a orientação médica adequada ajudam a paciente a se reconectar com o corpo e a lidar com as transformações físicas e emocionais de maneira mais leve e saudável.

Ainda que o câncer de mama traga mudanças que podem ser difíceis de enfrentar, muitas mulheres encontram formas de vivenciar sua sexualidade após o tratamento, adaptando-se às novas realidades. Para algumas, esse momento pode até representar uma oportunidade de redescobrir a si mesmas e explorar aspectos da sexualidade que antes não haviam percebido.

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Por Sandra Freitas