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Edna Morato: a alma por trás das obras da Via Crucis em Pará de Minas

Edna Morato: a alma por trás das obras da Via Crucis em Pará de Minas

Artista plástica foi a responsável por criar as telas que compõem a Via Crucis nas escadarias do Cristo Redentor

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Nascida em Pitangui e criada em Pará de Minas, Edna Morato Marinho, artista plástica e audiodescritora, carrega no coração uma ligação profunda com a arte desde a infância. Sua jornada artística encontrou um marco expressivo na criação das telas que compõem a Via Crucis nas escadarias do Cristo Redentor, um dos principais pontos turísticos de Pará de Minas. 

Edna conta que começou a desenhar ainda na infância, influenciada pelo pai, um mecânico talentoso que também se expressava artisticamente. "Eu ficava encantada com a naturalidade e criatividade com que ele desenhava. Com um simples pedaço de carvão, ele fazia desenhos incríveis", relembra. Inspirada por essas memórias e por seu ambiente escolar, Edna logo descobriu que tinha herdado essa habilidade. Aos 7 ou 8 anos, já fazia ilustrações para o jornalzinho da Escola Estadual Torquato de Almeida.

Após se formar em artes, sua carreira profissional amadureceu, mas a artista sempre manteve uma conexão profunda com sua essência criativa. "Acredito que a arte vai muito além da reprodução; ela é libertadora e oferece um mundo de possibilidades", reflete Edna.

Vinda de uma família católica, a religiosidade sempre foi uma parte importante de sua vida. Quando surgiu o convite para criar as telas da Via Crucis, Edna já tinha em mente o que gostaria de expressar. “Eu já havia subido e descido aquelas escadas muitas vezes e ficava imaginando as cenas do calvário de Cristo. Quando o convite chegou, eu já tinha rascunhos prontos", revela a artista.

Seu envolvimento emocional e espiritual com a obra foi intenso. "Ali está minha vida, é tudo em que acredito", afirma. Para Edna, o processo de criação dessas cenas foi repleto de momentos de reflexão e emoção. "Muitas vezes chorei durante a execução de um desenho. Pensava em como conceber o corpo de Cristo caído, cravejado, sangrando... Tudo isso passava pela minha mente".

Desafios em tempos de pandemia

A produção das telas da Via Crucis foi realizada em um momento desafiador para Edna. Em 2020, enquanto o projeto ganhava vida, a artista, o marido e a mãe contraíram Covid-19. "Houve dias em que me senti muito mal, mas não parei de desenhar. Quando os sintomas se intensificavam, eu me sentava, ou me deitava, dava um tempo e retomava a produção", conta. Apesar das dificuldades, Edna seguiu trabalhando nas telas, acreditando que a fé a ajudou a superar o momento. "Eu, meu marido e minha mãe vencemos a Covid na época da crise mais assustadora, e estou certa de que Cristo nos ajudou a superar aquele momento".

A Via Crucis na escadaria do Cristo Redentor tornou-se um marco em Pará de Minas, não só pelo seu valor religioso, mas pela conexão emocional que as obras criaram com a comunidade. Em diversas situações, a artista recebe o carinho dos moradores da cidade. "Até hoje recebo muitos elogios pela obra, e as pessoas parecem apreciar e respeitar, pois não tive notícias de vandalismo ou algo semelhante".

Além da artista: outros papeis na vida de Edna

Fora do universo artístico, Edna desempenha papeis que complementam sua personalidade criativa e espiritual. Casada com Mozar Vasconcelos Rezende, ela é audiodescritora e ministra oficinas de arte voluntárias para crianças. Em sua vida pessoal, aprecia a simplicidade e a convivência com a família, amigos e seus animais de estimação. "Acho que vida e arte se misturam, mesmo para aqueles que nunca provaram qualquer atividade artística", reflete.

Para Edna, a arte é uma extensão de sua vida espiritual e emocional. "Vejo na arte um grande presente de Deus na minha vida", diz, valorizando o ambiente familiar e o apoio constante do marido e da mãe, que também fazem parte de sua inspiração.

Sempre em busca de novos desafios, atualmente, Edna está envolvida em novos projetos, incluindo um roteiro de filme e uma nova série de desenhos e pinturas. “Adoro desafios, temos que viver sonhando se quisermos correr o risco de realizá-los”, afirma.

Redação Elas em Pauta

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