Pará de Minas: 165 anos da Cidade Rainha
"Comemorar esses 165 anos de história da cidade é também celebrar o meu laço com esse lugar".
Pará de Minas, com seus 165 anos, é cheia de histórias e tradições, e eu faço parte dessa narrativa desde o final da década de 1970, quando minha família desembarcou aqui vinda do Rio de Janeiro. E de cara já percebemos algumas diferenças aqui na "Cidade Rainha"! No lugar do mar e da agitação do calçadão de Big Field, encontramos ladeiras... muitas ladeiras. Se a primeira impressão é a que fica, nossa memória inicial de Pará de Minas foi de respirar fundo antes de encarar as subidas, como quando voltava da Escola Estadual Fernando Otávio, todo final de tarde e precisava encarar a ladeira da Rua Lafayete Diniz (rsrs). Mas a cidade nos ensinou que, apesar do fôlego curto, cada ladeira valia a pena pelo que encontramos no topo: uma cidade que marcou a história da minha família. As gerações mais recentes dos Freitas carregam aquela "mineirice" tão marcante.
Falando em mineirice, a diferença cultural também aparece nas pequenas coisas, como no jeito de falar. Saímos do "caraca, maluco" e do "maneiro" para o "uai" e o "trem", e foi uma adaptação e tanto! No começo, confesso que precisávamos de um "dicionário mineiro" para acompanhar as conversas, mas com o tempo, pegamos o jeito. A forma de viver é mais tranquila (às vezes), e até os mesmos horários funcionam em outro ritmo – bem diferente do carioca, sempre apressado.
E agora, depois de todos esses anos e de uma longa ausência, voltei em 2022, numa fase da vida cheia de reflexões, após a perda dos meus pais. Pará de Minas me recebeu novamente, não só com as ladeiras (que continuam aqui, firmes e fortes), mas com o mesmo jeito mineiro de ser. Voltar para cá foi como reencontrar um velho amigo, e mesmo com as diferenças culturais, aqui é onde as raízes da minha família cresceram; não tem como separar a nossa história entre Rio x Pará de Minas. Comemorar esses 165 anos de história da cidade é também celebrar o meu laço com esse lugar que, ladeira acima, ladeira abaixo, faz parte da minha trajetória.
Por Sandra Freitas