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Excesso de telas aumenta raiva e frustração nas crianças

Excesso de telas aumenta raiva e frustração nas crianças

Educadora destaca que os pais são os principais responsáveis por diminuir o uso excessivo de telas entre crianças e adolescentes.

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Um estudo recente de uma universidade canadense traz novos dados preocupantes sobre o impacto do uso excessivo de telas na saúde mental das crianças. Segundo a pesquisa, que contou com a participação do psiquiatra brasileiro Pedro Pan, do Instituto Ame Sua Mente e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o tempo prolongado em frente a dispositivos eletrônicos está diretamente ligado a um aumento de sentimentos de raiva e frustração entre as crianças. A pesquisa sugere ainda que, essas emoções negativas, por sua vez, tendem a intensificar o uso de telas, criando um ciclo vicioso.

Relação das crianças com a tecnologia

De acordo com Débora Brandão, pedagoga e educadora parental, a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que de zero a dois anos, a criança não tenha contato com as telas; de dois a cinco anos, a recomendação é de até 1h/dia; de seis a dez anos, até 2h/dia; e de onze a dezoito, o tempo máximo de até 3h/dia. “Sabemos que esse parâmetro de recomendação de tempo está longe de ser uma realidade, uma vez que muitos pais têm se apoiado na máxima da falta de tempo e falta de rede de apoio na criação de seus filhos, (o que é verdade em muitas famílias), fazendo com que esse tempo recomendado acabe se excedendo diariamente”.

Além dos danos socioemocionais causados, a educadora explica que o excesso de tempo diante das telas pode trazer ainda vários problemas de saúde, como a obesidade. “Crianças e adolescentes ficam parados e, muitas vezes, até se alimentando mal diante do eletrônico. Além disso, o excesso de telas pode prejudicar a visão devido à luminosidade e proximidade em que o celular ou tablet é segurado na frente dos olhos”, destaca.

A pedagoga enfatiza que o uso excessivo das telas pode também gerar problemas escolares e de aprendizado, uma vez que afasta o interesse das crianças e adolescentes da leitura, buscando respostas rápidas num teclar. “O tempo de concentração e interesse desses jovens também diminui, por causa dos vídeos curtos “fáceis” de assistir, propiciando cada vez mais impaciência e ansiedade, levando à perda de sono e consequentemente à redução do foco. Um efeito em cadeia muito nocivo ao desenvolvimento infanto-juvenil”.

Como diminuir o tempo de tela

Segundo Débora Brandão, os pais são os principais responsáveis por diminuir o uso excessivo de telas. Ela afirma que não é uma tarefa fácil, mas de suma importância pensando no bem estar e saúde que podem ser alcançados a curto e longo prazo. “Adiar o acesso a celulares e tablets, limitar o tempo e conteúdo a serem consumidos é de responsabilidade dos adultos. Além de dar o exemplo, os pais devem fazer acordos firmes e cumpri-los, criando uma rotina constante e estável, afim de que essa realidade, longe das telas, se torne natural no ambiente familiar”.

A educadora afirma que existem muitas outras coisas que os pais podem e devem incentivar os filhos a fazer no dia a dia. “Abusar do contato com a natureza e das pracinhas que a cidade oferece, além de tirar nossos filhos das telas, propicia um tempo gostoso e de qualidade com eles. Envolver nossos filhos na dinâmica das tarefas de casa também ajuda a tirá-los das telas, além de ensiná-los senso de responsabilidade. Para bebês e crianças pequenas, o ideal é realmente demorar a apresentar celulares e tablets, deixando com que eles se desenvolvam no chão, explorando brinquedos e outros objetos interessantes”.

Em último caso, Débora enfatiza que, “quando, dentro da rotina e realidade familiar, houver a necessidade de se fazer uso de telas, o melhor é optar pela televisão, com séries e animações adequadas para cada idade; assim a criança terá menos autonomia, e o adulto um maior controle do tempo e conteúdo”.

Redação Elas em Pauta

 

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