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Pesquisa feita pelo MTE aponta principais motivos para pedidos de demissão

Pesquisa feita pelo MTE aponta principais motivos para pedidos de demissão

Jéssica Soares, especialista em Recursos Humanos, explica as dificuldades na relação entre empresas e colaboradores.

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O aumento expressivo dos pedidos de demissão no Brasil tem gerado preocupações entre especialistas e autoridades. De acordo com um levantamento inédito do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), os principais motivos que levam os trabalhadores com carteira assinada a solicitarem o desligamento estão relacionados à busca por um novo emprego, baixos salários, falta de reconhecimento profissional, estresse e problemas éticos no ambiente de trabalho.

A pesquisa, que abrangeu 53.692 trabalhadores entre novembro de 2023 e abril de 2024, foi solicitada pelo ministro do MTE, Luiz Marinho, para entender as razões por trás do aumento dos desligamentos. No ano passado, 7,4 milhões de trabalhadores pediram demissão, representando 34% dos desligamentos. Este ano, entre janeiro e junho, o número já atingiu 4,3 milhões, equivalente a 36%.

Entre os principais motivos para a saída dos trabalhadores, destacam-se o fato de 36,5% dos demissionários já terem outro emprego em vista, enquanto 32,5% mencionaram o baixo salário como fator determinante. Além disso, 24,7% indicaram falta de reconhecimento no trabalho, 24,5% apontaram problemas éticos com a forma de trabalho da empresa, e 23% relataram adoecimento mental devido ao estresse no trabalho.

A dificuldade de ajuste nas relações de trabalho

Jéssica Soares, especialista em Recursos Humanos, ressalta que uma das principais dificuldades enfrentadas por empresas e funcionários é o ajuste nas relações de trabalho. "Eu percebo que existe uma resistência de ambas as partes", afirma Jéssica. Segundo ela, a falta de planejamento durante o recrutamento e a seleção pode levar a problemas futuros. "Algumas empresas, devido à urgência na contratação, não se organizam para este momento, e ignorar isso pode custar caro depois."

Para Jéssica, é essencial que as empresas tenham clareza sobre o que estão oferecendo e o que esperam do novo colaborador. "O processo de Onboarding, a integração, a socialização do novo funcionário, é negligenciado. Quem está iniciando em uma empresa, por mais que já saiba as atividades do cargo, está em um local totalmente novo, e esse processo de apadrinhar o 'novato' é tão importante quanto selecionar um bom candidato", destaca.

A saúde mental e a sobrecarga das mulheres

O levantamento do MTE também revelou que as mulheres são as mais afetadas pelo adoecimento mental no ambiente de trabalho, com 29% delas relatando estresse, em comparação a 18% dos homens. Além disso, elas mencionam mais problemas com chefias imediatas e a falta de flexibilidade na jornada de trabalho.

Jéssica Soares explica que essa sobrecarga das mulheres tem raízes históricas. "Sabemos que a sobrecarga das mulheres, historicamente, ainda é superior à dos homens. Por mais que o cenário tenha mudado ao longo dos anos, ainda temos uma longa jornada para que de fato o cenário esteja igual para ambos, mulheres e homens", comenta.

Para ela, as empresas que reconhecem essas diferenças e investem em programas voltados para a saúde física e mental das mulheres já estão na frente. "Uma empresa que se sobressai é aquela que se atualiza não apenas em seus serviços ou produtos, mas que se desenvolve para também conseguir desenvolver quem está fazendo ela crescer, os colaboradores. Uma empresa não contrata apenas uma mão de obra, ela contrata uma pessoa, uma mãe, um pai, um filho; e cada ‘mão de obra’ contratada, é um universo que entra dentro da empresa”, finaliza Jéssica Soares.

Redação Elas em Pauta / com informações MTE

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